Baionarena

Acordei. Enfrentei a rua, a chuva e o frio. Corri rua abaixo para não perder o comboio. Não me recordo de nenhum rosto, alienada que estou ao meu pensamento. Contei os apeadeiros, entre as linhas do jornal e o inglês do casal sentado a meu lado. Saí. Hoje como nunca senti a chuva escorrer no meu rosto. Tenho sentido tudo assim, na pele. Percorri as prateleiras com os olhos. E no final, o objecto da minha luxúria.





Baionarena, Manu Chao

Solo Tres Notas!

Meu amor de Alfazema

"Sempre fui mau a identificar odores. O volume doze da minha enciclopédia diz que a alfazema, aliás Lavandula Vera existe sobretudo no sul da Europa, no norte de África e no leste do Japão. Espero-te em Toquio. Deixa-me cheirar-te."

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Enjoy The Silence

Mon manège à moi

Adoro esta música, como me faz sentir e o que me transmite.

Acabo a semana assim, cansada e a sorrir :)

Mon manège à moi, Etienne Daho

Passei toda a noite

Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço, a figura dela,
E vendo-a sempre de maneiras diferentes do que a encontro a ela.
Faço pensamentos com a recordação do que ela é quando me fala,
E em cada pensamento ela varia de acordo com a sua semelhança.
Amar é pensar.
E eu quase que me esqueço de sentir só de pensar nela.
Não sei bem o que quero, mesmo dela, e eu não penso senão nela.
Tenho uma grande distração animada.
Quando desejo encontrá-la
Quase que prefiro não a encontrar,
Para não ter que a deixar depois.
Não sei bem o que quero, nem quero saber o que quero.
Quero só Pensar nela.
Não peço nada a ninguém, nem a ela, senão pensar.


Alberto Caeiro, Pastor Amoroso

DIF VICE

Duas revistas, dois olhares sobre o mundo. Urbanas, febris, inquietas e perturbantes. Sem pudores, sem regras, devassas. De olhos postos nas novas tendências, nas transformações sociais, na morfologia de atmosferas imorais. Nas batidas, nos scratchs, nas vibes, sem que os preconceitos as limitem. Criando “algo único, especial, original e divertido, para dar sempre novas cores à vida num tempo em que tudo mal nasce fica gasto, visto e ultrapassado”. Assumidamente pecadoras.

E como eu gosto do pecado!

DIF, distribuição gratuita, http://www.difmag.com

Vice Portugal, coming soon...

Be not inhospitable to strangers lest they be angels in disguise

Amor pelo que se faz e pelo que se fez toda a vida. Os livros empilhados, a luz seca e pesada, os cantos escuros e cheios. Os contos, os versos, os livros infantis. As palavras e as imagens gastas. As escadas íngremes e flutuantes. O cheiro a passado e a vida. Os meus passos e o meu encanto. Um fim de tarde inesquecível!


Shakespeare & Co. Antiquarian Books, Paris

Amor Maior

Todas as cartas, de todos estes anos, escrevi-as aqui. Não podia despedir-me do nosso amor, sem me despedir deste lugar…

Simplify your love....upps I did it again!

"A infância é medida em termos de sons, cheiros, imagens, antes que emirja a sombria hora da razão." Jonh Betjeman

Eu, " Cuts you up" e Peter Murphy

Há um ano atrás esperava ansiosamente este concerto. Ainda me lembro de comprar os bilhetes e os guardar no meio de um livro, para reduzir ao mínimo a possibilidade, em mim constante, de os perder. Recordo-me da noite. Fria mas envolvente. Lembro-me de constatar que era a pessoa mais nova naquela sala, no meio de efusivos saudosistas, prontos para reviver as “noites loucas” da sua juventude.
E ele entrou. Gigante no meio do palco. Tocou êxitos seus e da mítica Bauhaus. Excitadamente cantei, saltei e dancei, senti-me dentro de um tempo que “só” por acaso não foi o meu.Hoje apeteceu-me reviver essa noite... eu, “Cuts you up” e Peter Murphy.

Thought of the day

So, let´s get lost...

Que irracionalidade boa!

O macho latino

Não pude esconder o riso depois de ler a crónica de Maria Filomena Mónica, na RevistaÚnica do Expresso desta semana. Certamente não foi a melhor reacção, mas ainda não consegui definir o meu sentimento, entre a ridicularidade e o espanto da situação.

Ah! A crónica falava sobre os Machos Latinos, “ o nosso lince da Malcata: existem sinais da sua actuação mas já não são o que eram”.

‘Há 20 anos, a magistratura portuguesa veio explicar-nos que o sul de Portugal era “ uma coutada do chamado macho latino”. As duas turistas jugoslavas, que andavam a pedir boleia pela estrada nacional nº 125, estariam a “pedi-las”, ou seja, disponíveis para a foda. A fim de que os leitores fiquem cientes de que não invento, eis um extracto da sentença: “ É impossível que não tenham previsto o risco que corriam; pois aqui, tal como no seu país natal, a atracção pelo sexo oposto é um dado indesmentível e, por vezes, não é fácil dominá-la. Assim, ao meterem-se as duas num automóvel, justamente com dois rapazes, fizeram-no, a nosso ver, conscientes do perigo que corriam, até mesmo por estarem numa zona de turismo internacional, onde abundam as turistas estrangeiras habitualmente com comportamento sexual muito liberal e descontraído do que a maioria das nativas”. Depois de violadas, as raparigas fizeram o que deviam: queixaram-se à Polícia. Do primeiro julgamento, houve recurso. A 18 de Outubro de 1989, O Supremo Tribunal de Justiça dava razão aos juízes algarvios. Bonita sentença!’

Erykah Badu

No zapping de uma das revistas que compro mensalmente, descobri-a. Com uma frescura própria da sua idade, deixei-me levar pela sonoridade das suas músicas, num mundo novo para mim. R&B, Soul, Funk e Erykah Badu.

o fim do Verão

"Depois chegou a escola, outro liceu, e quando chegou o fim do Verão sobre a praia a gente tem de se deixar, talvez p'ra sempre. Esquecer essa praia é difícil, deram cabo dela , não era uma praia, era uma fronteira linda entre areia e mar, sem barreiras. Homem a cantar na praia, no colégio interno, porque muita gente se estava a portal mal, putos a aprender física, matemática, música, e a esquecer essa praia, e os primeiros beijos, sempre às escondidas nalguma folha de geografia. E ao lado soldados a caminho da guerra ao som de B-Gees (Massachussets), sempre no fim do Verão, o miúdo a tentar ser desvirginado, até que conseguiu nalguma esquina malvada, um pouco tarde, entre o Sul e o Norte, na verdade não se sabe, mas foi mais pró centro. Quando lhe disseram que tinha uma obrigação, foi passear até à praia, esse puto não acredita no fim do Verão."

Jorge Palma, o fim do Verão, na 365

Dalla pace del mare lontano

Desejei tão intensamente ficar com aquele mar. Aquela imensidão perturbante, que de tão magistral chegava a magoar.

Descobri tantos lugares em que me apeteceu ficar. Vi rostos, rugas e jovens a namorar. Ri e senti emoção por ter a sorte de ali estar.

Demorei a escrever, não por me faltarem palavras, ou histórias para contar. A verdade é que me custa acreditar que o Verão está a acabar.

Hoje acordei assim e apeteceu-me partilhar

As flores do meu vestido enchem o espelho dourado. A luz do amanhecer convida a sair. Cheira a vida. Pinto os lábios de vermelho. Recorto o meu olhar com lápis preto. Sinto-me bem. Recordo algumas pessoas, mas logo decido não recordar. Espera-me o mundo lá fora. Não me apetece esperar.

Fleur De Saison - Emilie Simon

" Façam o favor de ser felizes "

No meio dos meus LP's ainda sobrevive um single de Raul Solnado. Recordo-o agora. Se calhar é como a minha mãe diz, há pessoas que não deviam morrer.

A lição do Monhé

"- Não gosto de pretos, Kindzu.
- Como? Então gosta de quem? Dos brancos?
- Também não.
- Já sei: gosta de indianos, gosta da sua raça.
- Não. Eu gosto de homens que não tem raça. É por isso que eu gosto de si, Kindzu"

Mia Couto, Terra Sonâmbula

Ain’t got no, I got life

Até o CD riscar.

Parece que este fim-de-semana fui dominada pela força da sua voz.

Nina Simone,

I am what I am

Ainda sinto a explosão de aplausos e a purpurina multicolor que encheu ontem a sala. Plumas, pestanas, peitos grandes e falsos, o encontro com uma beleza diferente, que apesar de ser assim, não deixa de ser surpreendentemente cativante.

Um show de transformismo. Os corpos esculturais, definidas musculaturas, os gestos femininos, a delicadeza e formosura daqueles que são mulheres, num corpo que só por acaso é seu.


A Gaiola das Loucas, Rivoli

Juventude Dourada

O riso jovial e tímido encanta o olhar cansado e nómada do grisalho homem. A leveza da sua tenra idade, a esperança ainda lapidar, a certeza dos sonhos a cumprir faz crescer dentro dele uma alegria que já não sabia existir. Devolve-se-lhe a nostalgia de tempo idos, e o saudosismo de uma juventude dourada.

“ O tempo em que o mundo tinha a nossa idade”